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quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Morte líder político do Hamas, pode definir destino do conflito



Morte de Haniyeh, líder político do Hamas, pode definir destino do conflito no Oriente Médio


Segundo cientista político, situação coloca Israel em uma posição de vantagem e ressalta capacidade de inteligência necessária para realizar operações como essa e a que matou comandante do Hezbollah


Haniyeh, líder político do Hamas, em reunião em Moscou, em 2020. (Foto: Wikimedia Commons)


O líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto nesta quarta-feira (31) em um ataque em Teerã, enquanto visitava o Irã para participar da posse do novo presidente do país. Haniyeh é o líder de mais alto escalão do grupo terrorista Hamas fora da faixa de Gaza.


O site do grupo terrorista afirma oficialmente que ele foi assassinado em um “ataque israelense”. Nos últimos anos, o palestino havia assumido um papel central no comando do Hamas, a partir de sua sede internacional, no Catar. 


Haniyeh foi diretamente responsável pelo assassinato de milhares de israelenses, incluindo aqueles mortos no dia 7 de Outubro, no massacre realizado pelo Hamas no sul de Israel. Na ocasião, o líder incentivou os ataques terroristas contra Israel, convocando “os filhos de toda esta nação, em suas várias localidades, para se juntarem a esta batalha de qualquer maneira que puderem”. Ele também afirmou, no contexto da guerra, que o grupo precisava do “sangue das mulheres, crianças e idosos” para despertar o “espírito revolucionário”. Em vídeo de outubro de 2023, Haniyeh aparece comemorando e agradecendo a Alá por terem conseguido realizar o atentado em Israel, considerando-o uma “vitória” para seu povo.


“Diferentemente do que alguns veículos têm informado, Haniyeh não era moderado. Ele é responsável pela morte de civis israelenses e também palestinos, com a pressão que o Hamas efetua na Faixa de Gaza nos últimos 17 anos”, afirma André Lajst, cientista político e presidente-executivo da StandWithUs Brasil. “A eliminação do líder do Hamas no Irã coloca Israel numa posição de vantagem – caso se confirme que foi de fato Israel – e mostra sua capacidade de matar líderes de grupos terroristas em países da região com os quais não possuem nenhum tipo de acordo, o que também traz à luz a cooperação de libaneses e iranianos com os israelenses na transferência de informações e inteligência necessária para que essas ações possam acontecer”.


O grupo terrorista Hezbollah, do Líbano, emitiu suas condolências pela morte do chefe do Hamas. O Hezbollah, que, assim como o Hamas, é apoiado pelo Irã, não acusou Israel especificamente, mas disse que isso tornará os grupos apoiados pelo Irã mais determinados a confrontar Israel. 


O Catar, que hospeda a liderança do Hamas e mediou as negociações de trégua para a guerra em Gaza, disse que o assassinato foi uma "escalada perigosa", acrescentando que "levará a região a mergulhar no caos e prejudicará as chances de paz". China, Jordânia, Síria, Turquia e Egito também condenaram o ataque e alertaram para uma possível escalada do conflito.


O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu uma “punição severa” para Israel após o assassinato de Haniyeh, e o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que o Irã “defenderá sua integridade territorial, dignidade, honra e orgulho, e fará com que os ocupantes terroristas se arrependam de seu ato covarde”.


As Brigadas Izz a-Din al-Qassam, a ala militar do Hamas, dizem que o assassinato do líder do grupo em Teerã é um “evento crítico” que leva a batalha com Israel a “novos níveis” e terá “grandes repercussões em toda a região”.


O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, diz que um cessar-fogo em Gaza era "imperativo", após o assassinato do líder político do Hamas. Ele também afirmou que os EUA não tinham conhecimento do assassinato de Haniyeh e que é difícil especular o impacto dessa ação.


O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convoca o gabinete de segurança hoje. A reunião acontece logo após os assassinatos de Haniyeh e de Fuad Shukr, número 2 no comando do Hezbollah, responsável pelo projeto de mísseis de precisão do grupo terrorista. Shukr foi eliminado ontem, em um subúrbio de Beirute.

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