Mulheres e homens acima dos 65 anos: quem cai mais? Médico geriatra Felipe Vecchi explica por que os fatores podem ser diferentes
As quedas são a terceira causa de morte em pessoas idosos
A queda sofrida pelo presidente Lula, no banheiro de sua casa, acendeu uma luz de alerta sobre os riscos desse tipo de acidente em pessoas idosas, ocorrência que é a terceira causa de morte entre os idosos com mais de 65 anos no Brasil. Cerca de 30% das pessoas nessa faixa etária caem pelo menos uma vez por ano, e 25% delas precisam ser hospitalizadas.
Apesar de ser mais comum em mulheres, o presidente Lula faz parte de uma minoria ao se tratar do índice de quedas nesse grupo, pois, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres acima de 65 anos tendem a se machucar mais por quedas do que os homens da mesma faixa etária. A proporção é de 60% a 40% de quedas entre as mulheres quando comparadas aos homens.
Isso acontece porque elas respondem ao envelhecimento mais rapidamente, com a menopausa, e ao perder estrogênio há diminuição da massa magra e da força muscular, enquanto os homens envelhecem de forma mais gradual. Segundo o médico geriatra e diretor clínico das Clínicas Sainte Marie e dos Cora Residencial Senior, Felipe Vecchi, elas também têm mais prevalência de doenças crônicas e, como ainda há a cultura que atribui às mulheres a responsabilidade pela realização de serviços domésticos, elas têm mais chances de cair ao arrumar a casa, que é o local onde 53% das pessoas com 60 anos ou mais se acidentam e onde as mulheres caem três vezes mais quando comparadas aos homens.
Subir em escadas, por exemplo, aumenta duas vezes o risco de lesões mais graves. Por outro lado, as mulheres também saem mais na rua e são comuns entre elas as quedas nas calçadas ou ao usar calçados não indicados para caminhar. De modo geral, 68% dos idosos que caem apresentam algum prejuízo para a saúde, sendo que entre 40% a 60% dos idosos sofrem laceração, fraturas ou traumatismo craniano. As fraturas são apontadas em 35% das quedas, e uma diminuição de atividades sociais e físicas em 15% dos casos.
Segundo Vecchi, as quedas podem ser motivadas para ambos os gêneros por pressão baixa, Parkinson, demência ou neuropatia diabética, além de mudanças no corpo devido ao envelhecimento natural, como redução da adaptação visual ao escuro, menor percepção visual de profundidade e contraste. "Problemas posturais são os responsáveis por mudanças na marcha e no equilíbrio. Outros agentes causadores de ocorrências são o uso inadequado de medicamentos sedativos, hipnóticos e ansiolíticos", afirmou.
Além dos problemas físicos, acidentes envolvendo quedas podem causar transtorno mental - a Síndrome Pós-queda ou Ptofobia - que pode ocorrer em pessoas de todas as idades, porém é mais comum em idosos. Ela acontece após a recuperação do paciente e cria pavor de cair de novo e ter novas lesões corporais, causando autorrestrição nas atividades da vida diária. Além disso, favorece a imobilidade e acelera o declínio físico associado ao envelhecimento.
Dicas para prevenir quedas:
Exercícios - Segundo o doutor Felipe Vecchi, fazer exercícios físicos de força, como musculação, ou de propriocepção e equilíbrio, como o Tai Chi Chuan, reduzem o risco de quedas e melhoram a aptidão física e a inatividade.
Adaptação na casa – A casa deve estar clara, com iluminação ao longo do caminho entre a cama e o banheiro e não deve ter tapetes e objetos no chão, deixando o caminho livre para passar, ou seja, sem móveis, mesas de centro, porta-revistas, descansos de pé, fios e plantas.
No banheiro devem ser instalados tapete antiderrapante no box, e barras de segurança para entrada e saída. As portas de vidro do box também devem ser substituídas por material não deslizante e no local deve ser colocada uma cadeira de plástico firme, caso o idoso não tenha segurança para ficar de pé.
Vestuário - Os calçados devem ser observados e de preferência usar saltos baixos e que prendam o calcanhar; o uso de bengalas e bastões também são aconselhados para caminhar na rua. Deve-se evitar roupas longas que raspem no chão.
Além disso, é importante manter o acompanhamento do médico geriatra que vai avaliar as condições clínicas do paciente e ajustar a medicação, de acordo com as necessidades, e ir regularmente a um oftalmologista, que vai analisar as condições da visão do idoso.
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