Atividade física pode evitar volta do câncer colorretal, mostra estudo internacional
Pesquisa reforça a importância dos programas de cuidado contínuo na Bahia, onde a doença ocupa a quarta posição entre os tipos mais comuns
Um dos destaques da ASCO 2025 — o maior congresso de oncologia do mundo — trouxe uma boa notícia para pacientes que já enfrentaram o câncer colorretal: manter uma rotina regular de atividade física pode reduzir significativamente o risco de recidiva do tumor. O tema ganha relevância especial na Bahia, onde o tumor no cólon e reto é o quarto tipo mais comum. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o estado poderá registrar mais de 45 mil novos casos entre 2023 e 2025.
A pesquisa, publicada em 1º junho na revista New England Journal of Medicine, acompanhou quase 900 pessoas que já tinham tratado da doença em estágio III de alto risco. Os participantes foram divididos em dois grupos: um recebeu apenas orientações gerais de saúde, e o outro seguiu um programa estruturado de atividades físicas por três anos, após a quimioterapia, com caminhadas rápidas de 45 a 60 minutos, três a quatro vezes por semana. O resultado foi claro: a chance de o câncer voltar caiu 28%, e o risco de morte diminuiu 37%.
A descoberta chama a atenção da oncologista Maria Cecília Mathias, da Oncoclínicas na Bahia: “A medicina avança, e com ela a nossa visão sobre o papel do paciente no próprio cuidado. Esse estudo mostra que a atividade física não é mais apenas uma recomendação, mas sim uma estratégia terapêutica com impacto na prevenção da recidiva. O paciente precisa entender que o tratamento não termina com a última quimioterapia: ele continua com o estilo de vida saudável”, afirma.
Survivorship: o cuidado que continua
O estudo também representa um marco no que se chama de "survivorship" - termo que se refere aos cuidados contínuos prestados aos pacientes após o término do tratamento oncológico. Segundo os pesquisadores, o exercício físico atua como intervenção terapêutica com impacto direto na sobrevida, modulando fatores como inflamação, sensibilidade à insulina, vigilância imunológica e equilíbrio hormonal.
"Estamos diante de evidência científica robusta que reforça a urgência de integrar o exercício físico aos programas de survivorship oncológicos. Essa prática simples, acessível e segura pode salvar vidas", destaca a oncologista baiana Luciana Landeiro, líder nacional do OC Sobreviver, programa de survivorship da Oncoclínicas.
Essa abordagem representa uma oportunidade concreta de transformar o cuidado oncológico. O estudo também levanta reflexões importantes sobre como estratégias de reabilitação e promoção da saúde podem ser adaptadas à realidade do Sistema Único de Saúde (SUS).
Foto: Divulgação
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