Mulheres que produzem: Feira da Reforma Agrária, em Salvador, destaca protagonismo feminino com apoio da SPM
Na Praça da Piedade, Centro de Salvador, aconteceu a 8ª Feira Estadual da Reforma Agrária, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A feira é parte do projeto “Elas à Frente nos Festejos Juninos” promovido pela Secretaria das Mulheres do Estado (SPM), que visa valorizar o trabalho das mulheres nos festejos populares.
Com o apoio do Instituto Nordestino Cláudia e Anelise Sena (INCAS), por meio do edital "Elas que Produzem", da SPM, cerca de 150 mulheres de diversos assentamentos do Extremo Sul e da Costa do Descobrimento chegaram à capital trazendo sua produção e suas histórias. Essas mulheres vieram de municípios como Mucuri, Teixeira de Freitas, Medeiros Neto, Itamaraju, Prado, Alcobaça, Itabela, Eunápolis e Santa Cruz Cabrália. Em 60 barracas, é exposta uma diversidade de produtos, a exemplo de bolos, geleias, licores, pimentas, hortaliças, amendoins, mel, artesanatos, frutas, dentre outros produtos in natura e processados.
A programação da feira inclui atividades culturais e políticas, fortalecendo o diálogo entre o campo e a cidade e reafirmando a importância da soberania alimentar e da justiça social. A coordenadora executiva da SPM, Lourivânia Soares, participou do ato de abertura, nessa quinta-feira (12), e reforçou a importância de investir na produção das mulheres como um caminho para a autonomia econômica e a valorização das culturas do campo.
“A SPM tem atuado continuamente na promoção dos direitos das mulheres e no fortalecimento de sua autonomia econômica. Nesta feira, a Secretaria tem a satisfação de apoiar diretamente 150 mulheres, através do Edital Elas que Produzem. Convidamos o público a visitar as barracas, conhecer e adquirir os produtos, contribuindo para a geração de renda das mulheres do campo, da natureza e mantêm viva uma relação essencial com o alimento e com a terra. Essa conexão, que consideramos sagrada, está ameaçada pela mudança do clima, pela escassez de chuvas, uso de agrotóxicos e pelas pressões do mercado que ameaçam a nossa soberania alimentar. Então precisamos fortalecer as políticas públicas de produção e comercialização, garantindo comida saudável na mesa, valorização dos modos de vida, a permanência das juventudes e das famílias no campo”, afirmou Lourivânia.
Para Jasiam Mota, integrante do INCAS e uma das organizadoras da feira, esse momento representa um espaço de encontro entre o campo e a cidade. “Este ano a feira foi especialmente organizada pelo INCAS, e conseguimos garantir a participação efetiva das mulheres desde a produção nos assentamentos até a comercialização. Através do projeto, que estamos desenvolvendo em parceria com a SPM, conseguimos garantir a vinda dessas mulheres e temos uma Feira Estadual da Reforma Agrária com mais de 60% da sua participação de mulheres. Isso é muito significativo. Reforçamos o protagonismo dessas mulheres e a luta por soberania alimentar e justiça social”, destacou.
Mulheres como Maria Alcione Mandai, de Guaratinga, e Leonice Rocha Ferreira, de Itabela, chegam entusiasmadas à feira. Para elas, esta é uma oportunidade única de compartilhar experiências e comercializar toda a produção vinda do Extremo Sul da Bahia. “É difícil sair do interior para a capital, por causa da distância, mas é também muito satisfatório poder mostrar tudo o que a gente produz no assentamento e transforma com tanto esforço. Aqui não é só uma feira, é a nossa vitrine. E isso é necessário para fortalecer a batalha das mulheres que lutam pela terra, pela produção saudável e pela independência financeira”, diz Maria Alcione, que está comercializando uma grande variedade de produtos, como cana, banana, maracujá, laranja, coco seco, milho verde, aipim e abóbora.
Já Leonice Rocha está comercializando produtos como mel, café e hortaliças. Ela relatou, com orgulho, que, graças ao apoio do INCAS e da SPM, conseguiu participar da feira e expor sua produção. “Estar aqui é a prova de que nós, mulheres do campo, estamos cada vez mais fortes e conscientes do nosso papel na produção de alimentos. Sabemos que não é fácil, mas é através da luta que conseguimos mostrar que as mulheres são protagonistas na produção do campo. Precisamos estar presentes, trazendo nossos alimentos para a mesa de quem não tem a oportunidade de produzir, uma oportunidade que nós, mulheres do campo, temos e honramos com muito trabalho”, celebrou.
Ascom SPM
Foto: Adriana Ituassu /Ascom SPM
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