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sexta-feira, 4 de julho de 2025

Pesquisa traça o perfil da mulher empreendedora

 
Pesquisa traça o perfil da mulher empreendedora nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste


Levantamento aponta que bom nível de escolaridade não garante alta renda. Ainda assim, quase 90% delas não trocariam seus negócios por um emprego com carteira assinada (CLT)

 

O estudo “Perfil das Mulheres Empreendedoras do Novo Eixo – Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, realizado pela aceleradora Be.Labs, especializada em negócios para mulheres, traça o perfil das mulheres empreendedoras dessas regiões do país. A pesquisa aponta que essa mulher tem em média 42,4 anos, boa parte é negra (56,6%), mãe (75,9%), mais da metade (50,6%) é chefe de família, tem boa escolaridade (30,1% com pós-graduação e mais 21,6% com ensino superior) e, em geral, não tem o negócio como única fonte de renda (71,2%). No geral, as mulheres criam negócios para sustentar suas famílias, movimentar suas comunidades e por autorrealização, desafiando um sistema que ainda impõe barreiras ao seu crescimento. Em meio a esse cenário, um dado chama bastante atenção: mesmo com todos os obstáculos, 87,6% delas não trocariam o seu negócio por um emprego formal com carteira assinada (CLT).


A pesquisa indica que o empreendedorismo feminino tem se consolidado como uma força-motriz para a transformação social e econômica das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Apesar dos desafios estruturais e da sobrecarga imposta pela economia do cuidado, as mulheres empreendedoras dessas regiões têm demonstrado resiliência e inovação na gestão de seus negócios. “Apesar das particularidades de cada região, há desafios comuns entre as empreendedoras do que eu chamo de Novo Eixo. Os dados trazem a realidade de que empreender não é apenas uma opção para as mulheres, mas um caminho de autonomia e transformação”, destaca Marcela Fujiy, fundadora da Be.Labs.


O levantamento revela que os segmentos mais comuns de atuação dessas empreendedoras incluem alimentação (25,7%), moda e beleza (23,5%), artesanato e personalizados (17,3%) e serviços (15,4%), áreas que geralmente exigem menor capital inicial e que, de alguma forma, as mulheres já têm algum tipo de conhecimento, o que facilita o início do trabalho.


Em termos de formalização dos negócios, cerca de 65% têm CNPJ. A grande maioria (94%) tem seu registro como Microempreendedora Individual (MEI) e remuneração compatível com esse tipo de empresa. O estudo mostra que a alta escolaridade não garante, necessariamente, maior renda ou segurança financeira: 53,9% das entrevistadas recebem mensalmente entre 1 e 3 salários mínimos e 21,3% contam com uma renda inferior a 1 salário mínimo.


A dificuldade de acesso a crédito, a sobrecarga das responsabilidades domésticas e a necessidade de ampliar redes de apoio são desafios comuns entre as empreendedoras das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “Essas barreiras persistentes limitam a escalabilidade dos negócios femininos. Além disso, muitas dessas mulheres enfrentam preconceitos de gênero e estruturais que, além de dificultar o reconhecimento e a valorização de seus empreendimentos, também limitam suas oportunidades de crescimento e visibilidade”, reforça Marcela.

 

Sororidade

Ao começar a empreender, a mulher influencia e transforma sua própria vida, a da sua família e da sua comunidade, em um efeito cascata. Segundo a pesquisa, 73,8% das entrevistadas acreditam que suas ações geram impacto positivo em aspectos como geração de empregos, promoção de ações sociais e difusão da cultura e arte locais.


Para grande parte dessas empreendedoras, o apoio de outras mulheres é decisivo para enfrentar os desafios do mercado. O levantamento mostra que 41,8% afirmam contar “frequentemente” com esse suporte, reforçando que compartilhar experiências, dicas e aprendizados é fundamental para superar obstáculos diários. Além disso, 54,9% das entrevistadas se inspiraram em outras mulheres para iniciar seus negócios, demonstrando como a visibilidade e a representatividade desempenham um papel importante no empreendedorismo.


Os dados enfatizam que a inspiração coletiva e a troca de experiências são alicerces fundamentais para a consolidação de redes de apoio e que investir em sororidade não só impulsiona o crescimento individual de cada empreendedora, mas desencadeia um movimento transformador que beneficia comunidades inteiras.

 

Características locais

Analisando os dados por região, é possível perceber um perfil mais próximo entre as empreendedoras do Norte e do Nordeste. No Nordeste, o perfil é multifacetado, marcado por desafios e conquistas que refletem trajetórias pessoais e profissionais. Os dados revelam que 52% são chefes de família, cerca de 60% são negras, 72,1% não têm o negócio como sua principal fonte de renda, embora 63,6% tenham a formalização com CNPJ. Dentre as nordestinas, aproximadamente 25% atuam com alimentação. O levantamento mostra um cenário consolidado em relação à pesquisa anterior realizada pela Be.Labs no Nordeste, em 2023.


As mulheres que empreendem na região Norte enfrentam uma realidade complexa, marcada pela diversidade, por desafios estruturais e pelo desejo de transformação social e econômica. Segundo a pesquisa, 58,9% se identificam como pardas e 10% como pretas, 65,3% não têm o negócio como sua principal fonte de renda, 76,8% têm CNPJ e 42,5% atuam no ramo da alimentação.


As empreendedoras do Centro-Oeste têm um perfil dinâmico e resiliente, equilibrando tradição e inovação. Mais da metade (51,5%) é chefe de família, 53,3% se identificam como brancas, 74,2% têm um negócio formalizado com CNPJ, 66,7% declaram ter outra fonte de renda e 23,6% atuam no segmento de serviços.

 

Histórias de sucesso

A trajetória de algumas empreendedoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste mostra como é a realidade dessas mulheres. Um exemplo é Claudenizia Rêgo, de Fortaleza, fundadora da Depillance. “O desejo de transformar vidas por meio da beleza foi o que me moveu. Comecei com a epilação, mas logo percebi que podia ir além: ensinar, formar outras mulheres, mostrar que elas podem ter independência financeira e viver da profissão com dignidade. Empreender, para mim, foi a ponte entre o sonho e a realização – minha e das minhas alunas”, afirma. Segundo ela, empreender trouxe liberdade, autonomia e propósito. O negócio não é só fonte de renda, mas uma missão de vida. “Não trocaria a possibilidade de impactar tantas mulheres, viajar com meu trabalho, crescer com minhas ideias e realizar meus próprios sonhos por um modelo tradicional de emprego. Construí algo que vai além de um trabalho, é legado.”


No Centro-Oeste, Natasha Corrêa começou sua jornada no empreendedorismo após uma experiência traumática no primeiro emprego formal. Diante de um cenário competitivo e desafiador, decidiu se dedicar a algo que fosse a realização do seu próprio sonho. Assim, transformou o hobby em sua principal fonte de renda. “Apesar da carteira assinada oferecer a segurança de um salário fixo, o empreendedorismo proporciona liberdade para inovar, crescer e explorar novas possibilidades. No meu caso, as datas sazonais representam picos significativos de vendas. Em poucos dias, consigo alcançar resultados que dificilmente teria em um mês inteiro de trabalho formal. Por isso, não abriria mão do meu sonho para trabalhar na construção do sonho de outra pessoa”, afirma.

 

Conclusões

Os dados revelam um cenário de crescimento e fortalecimento, em que o desejo de independência e a busca por melhores condições de vida são os principais impulsionadores das trajetórias das empreendedoras. No Nordeste, a presença de mulheres chefes de família é notável, evidenciando o empreendedorismo como um caminho essencial para a autonomia financeira. Na região Norte, o empreendedorismo é marcado pela conexão com o território e a sustentabilidade. Já no Centro-Oeste, o empreendedorismo feminino se destaca pela proximidade com o agronegócio e pelos desafios de acesso a mercados maiores.


Apesar das particularidades de cada região, há desafios comuns entre as empreendedoras. “Os números desta pesquisa não são apenas estatísticas. São o retrato da luta diária das empreendedoras do Novo Eixo e um chamado à ação. O empreendedorismo feminino não é só sobre negócios – é sobre impacto, autonomia e transformação coletiva”, afirma Marcela.


A pesquisa foi desenvolvida em 2024 por meio de um questionário on-line e recebeu 601 respostas válidas de empreendedoras do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste do Brasil. O “Perfil das Mulheres Empreendedoras do Novo Eixo – Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste” é o terceiro estudo realizado pela Be.Labs. A aceleradora já produziu uma pesquisa sobre o perfil da mulher empreendedora nordestina, o retrato da mulher no agro, além de seus relatórios anuais.



 Sobre a Be.Labs

A Be.Labs é um negócio de impacto social que atua diretamente acelerando negócios de mulheres por meio de treinamentos, workshops, painéis e palestras. Em sete anos, a Be.Labs formou mais de 120 turmas e contabiliza 7 mil horas de mentorias com o Efeito Furacão, sua metodologia exclusiva. Mais de 3.500 negócios liderados por mulheres já foram acelerados, sobretudo nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Mais informações: https://belabs.org/

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