Exigência da Anvisa de retenção de receita para compra de Ozempic

 

Passa a valer exigência da Anvisa de retenção de receita para compra de Ozempic, Wegovy, Mounjaro e similares

A partir de 23 de junho de 2025, passa a valer a decisão da Anvisa que torna obrigatória a retenção da segunda via da receita médica para compra dos medicamentos análogos ao GLP-1 — como Ozempic, Wegovy, Mounjaro e similares — nas farmácias de todo o país.

A medida foi oficializada pela Instrução Normativa nº 360, de 23 de abril de 2025, que atualiza a RDC nº 471/2021, e inclui oficialmente esses medicamentos na lista de fármacos sujeitos a controle especial, a exemplo de antibióticos.

A decisão da Anvisa é uma resposta ao uso desenfreado desses medicamentos sem prescrição, especialmente para fins estéticos, e visa aumentar a segurança no consumo, reduzir riscos à saúde e garantir que pacientes que realmente precisam, como pessoas com diabetes tipo 2 e obesidade diagnosticada, não sejam prejudicados pela falta do produto no mercado.

Dados

Dados da plataforma Pharmaceutical Market Brazil (LQVIA) mostram que, apenas em 2024, foram vendidas mais de 3 milhões de unidades do Ozempic no Brasil. Nos últimos seis anos, o crescimento na compra foi de 663%, segundo a instituição. A venda dos medicamentos Ozempic, Saxenda, Victoza, Xultophy, Rybelsus, em conjunto, somou mais de R$ 4 bilhões apenas em 2024;

Ao mesmo tempo, de acordo com o VigMed, sistema da Anvisa em que são reportadas suspeitas de eventos adversos relacionados a medicamentos e vacinas, de janeiro de 2012 a setembro de 2024, foram registradas 1.165 notificações relacionadas às substâncias liraglutida, dulaglutida, semaglutida e tirzepatida.

Comparando os dados brasileiros com os globais, 32% dessas notificações estão relacionadas ao uso não previsto em bula ou não aprovado —contra uma taxa 10% registrada globalmente (VigiMed);

Outro dado que chama a atenção é o percentual de relatos de casos de pancreatite (inflamação do pâncreas) relacionados ao uso dos medicamentos: 5,9% no Brasil contra 2,4%, no mundo.

Fonte: VigiMed (Anvisa); Pharmaceutical Market Brazil (LQVIA)