Balão vindo do RJ cai em Mucuri e acende alerta sobre os riscos ambientais da prática ilegal
A queda de um balão com o brasão do município de Maricá (RJ) em Mucuri, no extremo sul da Bahia, no último domingo (26), reacendeu o alerta sobre os perigos da prática ilegal do balonismo. Apesar de o episódio ter despertado curiosidade entre os moradores, o fato representa uma ameaça real à segurança pública e ao meio ambiente.
Localizada a cerca de 800 quilômetros de Maricá, a cidade baiana ilustra o alcance imprevisível e perigoso desses artefatos, que podem percorrer longas distâncias conduzidos pelo vento. Segundo relatos, o balão caiu em área urbana sem causar danos, mas poderia ter provocado incêndios ou atingido estruturas sensíveis, como redes elétricas, residências ou áreas de vegetação nativa.
A soltura de balões é proibida pela Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), que prevê pena de até três anos de detenção, multa ou ambas cumulativamente. O Código Penal também enquadra a prática como crime de perigo comum, por colocar em risco áreas urbanas, florestas e aeronaves.
Bahia Sem Fogo: prevenção, monitoramento e resposta rápida
O caso reforça a importância do Programa Bahia Sem Fogo (BSF), coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que desde 2010 atua na prevenção, monitoramento, combate e responsabilização de incêndios florestais em todo o estado. A iniciativa é considerada referência nacional em gestão integrada de queimadas e proteção ambiental.
O programa conta ainda com a participação ativa de diversos órgãos do Governo do Estado, como a Casa Militar do Governador, Casa Civil, Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA), Secretaria de Segurança Pública (SSP/CIPPA/COPPA), Superintendência de Defesa Civil (SUDEC), Secretaria de Saúde do Estado (SESAB), Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e o apoio técnico do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo/IBAMA).
O programa trabalha em quatro eixos principais (prevenção, monitoramento, combate e responsabilização) reunindo ações como capacitação de brigadistas, monitoramento por satélite e dados climatológicos, campanhas educativas, oficinas comunitárias e atendimento emergencial em áreas críticas.
“O Bahia Sem Fogo é uma política de Estado que une educação, ciência e ação rápida. Nosso foco é evitar que o fogo se propague e se torne um incêndio florestal severo, de grandes proporções. O tema dos balões faz parte dessa agenda preventiva, já que estão listados entre as causas e origens dos incêndios florestais em todo o país”, afirma Pablo Rebelo, coordenador de Programas e Projetos da Sema, lotado na Superintendência de Inovação e Desenvolvimento Ambiental (SIDA).
Educação e mobilização no interior do estado
No início deste ano, a Caravana Bahia Sem Fogo percorreu municípios do interior levando palestras, oficinas e treinamentos voltados à prevenção e ao manejo do fogo. Em 2025, a iniciativa já passou por cidades da Chapada Diamantina, Oeste, Norte e Extremo Sul, incluindo Mucuri, justamente onde o balão foi encontrado.
Outra importante ação foi o lançamento da 1ª Campanha Educativa de Prevenção aos Incêndios Florestais durante os Festejos Juninos, em junho do ano passado. A campanha tem como objetivo promover a segurança e a sustentabilidade nas festividades juninas, reforçando a educação ambiental sobre os cuidados com o uso de fogueiras, balões e fogos de artifício, especialmente em áreas próximas a florestas, Unidades de Conservação e zonas rurais.
Operação Ronda Verde: Fiscalização e responsabilização
Nos últimos meses, o Estado também intensificou as ações de fiscalização e repressão a crimes ambientais com o lançamento da Operação Ronda Verde, realizada em setembro na região Oeste, período considerado crítico para a ocorrência de incêndios florestais.
A operação atua de forma integrada para coibir o desmatamento e as queimadas ilegais, especialmente durante o período proibitivo de uso do fogo, conforme determina a Portaria nº 33.788/2025. Além de fortalecer o monitoramento, a Ronda Verde busca identificar e responsabilizar infratores, reduzindo a ocorrência de focos de incêndio em áreas de maior incidência.
"Um balão é um dispositivo incendiário incontrolável. O incêndio que ele provoca se espalha rapidamente na vegetação seca, tornando-se uma sentença de morte para a fauna local. É um dano ambiental gravíssimo", explica Miguel Neto, diretor de Fiscalização Ambiental do Inema.
A Sema e o Inema reforçam que a denúncia é essencial para coibir essa prática. Qualquer avistamento de balões em voo ou em preparação para soltura pode ser comunicado pelos canais oficiais do Inema, como o disque-denúncia 0800 071 1400 ou o e-mail Denuncia@inema.ba.gov.br, incluindo a opção de anonimato. Para resgate de fauna, há o número (71) 99661-3998. Em caso de incêndio, a população também pode acionar o disque-denúncia 181 ou o telefone 193 (Corpo de Bombeiros).
/ASCOM
Foto: Kadyana Santos/CBMBA
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