O aumento da intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas não só continua crescendo, como também se espalha por mais áreas do país. Durante a inauguração de uma sala de situação destinada a monitorar os desdobramentos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira que existem 48 casos suspeitos em investigação em dois estados e no Distrito Federal.
Além de São Paulo e Pernambuco, Brasília registrou um novo caso depois que o rapper Hungria foi internado com sintomas suspeitos. Com a adição dos 11 casos confirmados, o número total de notificações de intoxicação no país alcança 59. Sete óbitos estão sob investigação devido à possível contaminação por metanol.
Como medida de precaução, o ministério informou a Anvisa, que deverá acionar agências reguladoras em dez países para localizar fomepizol, um antídoto alternativo ao etanol farmacêutico utilizado no tratamento. O crescimento das intoxicações estaria ligado à disseminação da falsificação de produtos, mesmo com as intervenções policiais que têm fechado uma fábrica clandestina de bebidas a cada cinco dias.
Apenas no estado de São Paulo, o total de notificações de intoxicação por metanol suspeitas aumentou de 45 para 52, de acordo com o relatório da Secretaria Estadual da Saúde, divulgado na quinta-feira. Foram confirmados dez casos e uma morte, enquanto cinco mortes e outras 36 ocorrências ainda estão sendo investigadas. As vítimas consumiram bebidas alcoólicas como gin, vodca e whisky adulterados. A ausência de fiscalização no descarte de garrafas é um dos fatores que favorecem o aumento dos casos. De acordo com especialistas, falsificadores adquirem embalagens por meio de catadores e até mesmo funcionários de locais como bares e restaurantes.
O metanol, uma substância química extremamente tóxica, não é fabricado no Brasil, sendo necessário importá-lo utilizando um CNPJ e autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Esta agência monitora cada remessa por meio de licenças de importação. A agência declara possuir evidências de que o metanol foi desviado para usos ilícitos, como a adulteração de combustíveis e, mais recentemente, bebidas alcoólicas. Ao identificar aquisições de volumes significativamente superiores ao necessário para a produção declarada, o órgão chegou a cancelar as autorizações de usinas e distribuidoras.

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