Símbolo
cultural da Bahia e uma das peças fundamentais da Lavagem do Bonfim, as
baianas são identificadas de longe. Com suas vestimentas engomadas,
torços e colares, carregando seus jarros com flores e água de cheiro
(mistura de água, flores e folhas)
na cabeça ou nos braços, embelezam ainda mais os 8km de percurso, que
vai da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia (no Comércio) até a
Colina Sagrada (no Bonfim), com simpatia e sorriso inconfundíveis.
Responsáveis pela tradicional lavagem das escadas da Colina
Sagrada, como forma de purificar a igreja e também os populares que
foram à festa, um dos momentos mais aguardados da lavagem, as Baianas se
juntam ao tapete branco formado por milhares de fiéis
para agradecer, renovar a fé e reverenciar Oxalá, Senhor do Bonfim no
Candomblé.
Engana-se quem pensa que apenas baianas mais experientes participam
do cortejo. A tradição e ensinamentos são passados de geração a
geração, tornando cada vez mais forte o sincretismo religioso.
As baianas de outros municípios não ficaram de fora. É o caso de
Elieuda dos Santos, 39, que veio pelo segundo ano consecutivo
diretamente do município de Tanquinho, localizado em Feira de Santana,
somente para participar do cortejo. Com lágrima nos olhos
ela descreveu o momento. “Estou aqui como representante da minha
religião, o candomblé, e o que me deixa mais emocionada é ver pessoas de
várias religiões unidas com um único propósito, a paz. É uma sensação
que não dá para descrever. É de arrepiar. É algo
divino mesmo. Esse momento significa gratidão e fortaleza. Que Oxalá
nos dê um ano de muito axé”, afirma
História - O culto ao Nosso Senhor do Bonfim começou em
1745, quando a imagem do santo foi trazida pelo capitão Português
Teodósio Rodrigues de Farias, cumprindo uma promessa que fez depois de
ter sobrevivido a uma forte tempestade. As homenagens,
no entanto, iniciaram de fato em 1754, ano em que a imagem foi
transferida da Igreja da Penha, em Itapagipe, para a sua própria igreja,
construída na Colina Sagrada. Segundo relatos históricos, a lavagem do
adro da Basílica começou a partir dos moradores da
região, que lavavam a igreja para deixá-la pronta para a Festa do
Bonfim. Por conta da dança durante o cortejo até a basílica, a limpeza
foi proibida, em 1889, pelo arcebispo da Bahia Dom Luís Antônio dos
Santos. Após a decisão, adeptos do candomblé começaram
a fazer o cortejo para lavar as escadarias.
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