Ferryboat vai de mal a pior com a Internacional Marítima e a omissão da Agerba
Horários queimados, navios que quebram a toda hora e buzinaço de protesto nos terminais. É a velha história de um serviço caótico que se repete.
governador Jaques Wagner e o vice Otto Alencar na reincoporação do ferryboat “Pinheiro, dia 29 de janeiro: o navio “totalmente reformado” por mais de R$ 4 milhões quebra constantemente. Há denúncias de que os motores não foram trocados, como o governo disse, mas sim reformados. Enquanto isso, os usuários enfrentam os mesmos problemas com a Internacional Marítima, como queima de horários, atrasos e péssimo atendimento. E a Agerba, que deveria fiscalizar, se omite.
Salvador – Se permanecer o quadro atual de um serviço de baixíssima qualidade, péssimo atendimento à população e com navios quebrando a toda hora, o governador Jaques Wagner vai ter de novo muita dor de cabeça com o Sistema Ferryboat. A Internacional Marítima, que aportou na Bahia através de uma “sondagem no mercado” feita pela Secretaria de Infraestrutura e Agerba, completou há uma semana 30 dias operando o sistema e as reclamações dos usuários são as mesmas – e em alguns casos piores – da época da TWB, que teve o contrato de concessão rompido pelo Governo do Estado.
As contantes declarações do secretário de Infraestrutura, Otto Alencar, de que ele encontrou o sistema com somente um navio operando e que “hoje são seis” não são verdadeiras. Apesar do esforço e dos mais de R$ 25 milhões investidos pelo governo na reforma das embarcações, o ferryboat se arrasta com apenas dois ou três navios em tráfego. E o que é pior: os três que o secretário disse que foram “inteiramente reformados” – Pinheiro, Agenor Gordilho e Rio Paraguaçu – estão trafegando em condições críticas. O Agenor Gordilho faz uma viagem e fica parado durante horas para “consertar alguma coisa”. Os outros dois seguem no mesmo ritmo.
Nesta segunda-feira, foram queimados pela Internacional Marítima os horários das 6h e 8h. O de 9h saiu às 9h20. Ocorreram buzinaços de protesto nos terminais de São Joaquim e Bom Despachio. As queixas dos usuários procedem, sim. Como se queimar horários se a própria Internacional Marítima garante diariamente que tem três ou quatro embarcações em tráfego? Com este número de embarcações, daria para ser cumprido normalmente horários a cada uma hora.
Mas, na prática, não é o que acontece. E a Agerba, a agência que fiscaliza a Internacional, está totalmente omissa nesse processo. Na época da TWB, agia diferente: fazia estardalhaço e dizia que estava multando. Agora nem isso faz mais. Seus encarregados nos terminais não podem mais multar e atuam apenas para preparar “relatórios” diários e encaminhar para a diretoria da agência. Relatórios que não servem para absolutamente nada. Como acontecia nos primeiros anos da TWB, a Agerba virou uma parceira da Internacional. Nem de longe cumpre o seu papel de órgão regulador e fiscalizador.
As queixas contra a Internacional Marítima procedem de várias áreas. Não é aceitável mais a Internacional ficar “justificando” que passa por um período de transição. Que transição é essa que já dura 40 dias? Bem mais que 40 dias, diga-se, pois a Internacional Marítima já estava atuando extraoficialmente no sistema ferryboat desde a intervenção na TWB, em setembro de 2012. E foi a empresa do Maranhão que “reformou” todos os ferries, segundo o próprio vice-governador Otto Alencar garantiu. E é a mesma Internacional que está “assessorando” o governo na compra de duas ou três novas embarcações para o sistema. Pelo menos foi o que declarou o governador Wagner.
Quebra-quebra – Somente com a reforma do ferry Agenor Gordilho o Estado gastou a bagatela de R$ 4,7 milhões, segundo garantiu Otto Alencar. Com menos de 10 dias em tráfego, o navio quebrou. Funcuionários da Internacional têm feito várias denúncias ao JORNAL DA MÍDIAapontando que os navios declarados pelo governo como “reformados” passaram somente por serviços “quebra-galho”. Em várias postagens no JM, eles já denunciavam que os ferries iriam sair da Base Naval de Aratu e quebrar de novo. E é isto o que realmente está acontecendo.
“O ferry “Pinheiro” deveria ter seu nome trocado para “Dinheiro”. Muito mais apropriado. O governo gastou uma fortuna e a Agerba garantiu na época que foram trocados todos os motores e sistema de propulsão. E como é que esse navio quebra tanto com motores novos?”, pergunta o leitor Henrique Oliveira, em e-mail ao JM.
Dentro do “princípio democrático” do governo Wagner, a Agerba deveria ser mais transparente e divulgar oficial e detalhadamente, um relatório completo sobre o que foi feito e o que se gastou em cada embarcação. Se possível, apresentando nota fiscal da compra de motores, eixos, hélices, gastos com docagem na Base Naval de Aratu, entre outras despesas. E o Ministério Público também deveria cobrar esse procedimento ao secretário Otto Alencar.
Tecnicamente, não tem como se justificar o quebrar constante de embarcações “totalmente reformadas”. A Interrnacional Marítima e o governo podem fazer isso com outros veículos de comunicação, principalmente aqueles reconhecidamente chapa banca. Se a mídia não investiga nada, publica tudo que recebe, por falta de conhecimento ou por motivos outros, problema dela. Não é o caso do JORNAL DA MÍDIA, que conhece um pouquinho dessa história toda e que vai continuar atento e de olho nesses fatos estranhos e nas irregularidades que continuam sendo praticadas no sistema ferryboat, em prejuízo de milhares de usuários.
Mais irregularidades – As irregularidades praticadas agora no sistema ferryboat são as mesmas da época da TWB e a Capitania dos Portos já instaurou até inquérito contra a empresa do Maranhão. No dia 9 de abril, a Internacional Marítima encalhou o navio “Pinheiro” em um banco de areia na Baía de Aratu, uma prática condenável que hoje é aceita pela Agerba. Mas vai responder por isso no inquérito instaurado pela Capitania dos Portos. Muitos funcionários concessionária não concordam com o encalhe de navios e alertaram a empresa para o risco.
Contra a Internacional Marítima pesam também inúmeras queixas de funcionários atuais e os demitidos. Além das condições de trabalho que não melhoraram, alguns deles foram contratados com salários mais baixos e a prática do desvio de função é aberta. “O pessoal da praça de máquina do ferry Maria Bethânia estão sendo submetidos a risco constante devido à alta temperatura do ambiente causada por problemas de supeaquecimento dos motores. Já levamos o caso à Capitania dos Portos, já que a diretoria Sindicato dos Arraes é aliada da empresa”, diz um marítimo.
/Jornal da Mídia
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