Cursos terão 8 anos de duração; representantes da classe veem proposta como 'paliativa e demagógica'.
As principais entidades médicas de classe afirmam ter recebido com surpresa as mudanças propostas pelo Ministério da Saúde para os cursos de Medicina no País. Segundo dirigentes, apesar de longas reuniões e dos grupos de estudos formados em conjunto com o governo para discutir a questão da saúde, as medidas anunciadas foram tomadas de forma unilateral. Nesta segunda-feira (8), entre outras ações, foi anunciado um plano para que os cursos passem de 6 para 8 anos a partir de 2015 e que os estudantes dediquem dois anos de trabalho aos serviços públicos de saúde.
“Ficamos bastante surpresos, pois não houve discussão sobre estas ações específicas com a classe médica”, afirma Renato Azevedo Junior, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). “São propostas paliativas e demagógicas, que não combatem o problema principal, que é a falta de estrutura.” Segundo ele, as medidas deixam de lado exigências básicas para que se consiga fixar médicos em regiões pouco atendidas, como melhores condições de trabalho e um plano de carreira bem estabelecido.
Florentino Cardoso, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), afirma que as sugestões feitas pelas entidades não foram ouvidas. “O governo anotou tudo o que dissemos, mas fez tudo à maneira dele, do jeito que quis”, diz Cardoso.
Para o dirigente, a ampliação do tempo de formação e a obrigatoriedade de atuação no SUS não resolvem os três problemas principais: falta de financiamento, gestão precária e corrupção na alocação de recurso. “Precisamos cumprir a lei, e não se pode obrigar médicos, que já passam 6 anos se dedicando em tempo integral, a passar por mais dois sob condições precárias, onde não quer. E só faltam médicos nesta comunidades mais remotas? E outras profissões? Por que só os médicos?”, questiona.

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