Segundo dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Relatório Global de Tuberculose de 2016, estima-se que em 2015 cerca de 1,8 milhão de pessoas morreram em decorrência da Tuberculose no mundo. A doença foi uma das 10 principais causas de morte no mundo em 2015, responsável por mais óbitos que o HIV e a malária. O próximo dia 24 de março é marcado como o Dia Mundial de Combate à Tuberculose e a data suscita reflexões sérias sobre estes números, que ainda são considerados um desafio para toda a comunidade mundial.
De acordo com o médico radiologista especialista em pulmão, Cesar Augusto de Araújo Neto, que é também professor da UFBA e diretor clínico da Image Memorial, a tuberculose tem uma incidência maior em indivíduos que vivem em condições de pobreza, de baixa escolaridade, em situações de confinamento, nos usuários de drogas, nos marginalizados com difícil acesso aos serviços de saúde, assim como naqueles com deficiências imunológicas, como, por exemplo, nos indivíduos infectados pelo HIV.
Segundo o profissional, o primeiro exame de imagem a ser solicitado pelo médico diante da suspeita de tuberculose pulmonar é a radiografia do tórax, já que o sintoma mais frequente é a tosse. Aliados a este, outros exames importantes para o diagnóstico são a baciloscopia e a cultura de escarro, onde se avalia a presença do bacilo de Koch nas vias respiratórias.
“Outro exame de imagem que pode ser solicitado é a tomografia computadorizada, que está indicada principalmente nos pacientes sintomáticos respiratórios com baciloscopia do escarro negativa, nos pacientes suspeitos de tuberculose nos quais a radiografia do tórax é normal ou demonstra alteração duvidosa”, explica.
César aponta a diferença dos dois exames no caso da doença. “A tomografia tem mais sensibilidade e especificidade do que a radiografia, podendo fazer o diagnóstico com muito mais segurança possibilitando, por vezes, o início do tratamento específico sem a comprovação bacteriológica”, pontua ele, salientando que, embora a tomografia computadorizada seja um excelente instrumento diagnóstico, deve ser utilizada com cautela devido à dose de radiação agregada ao organismo.
A tuberculose pode atingir ainda outros órgãos além do pulmão, a exemplo dos ossos, rins e meninges. Nestes sítios anatômicos, o médico explica que é possível ter contribuições diagnósticas muito importantes da tomografia e também da ressonância magnética.
ADULTOS E CRIANÇAS – O profissional esclarece que existem basicamente duas apresentações da doença: a chamada tuberculose primária (primo-infecção tuberculosa) e a forma secundária (reinfecção). “A forma primária é quando o indivíduo tem o primeiro contato com o bacilo. Neste contato preliminar na grande maioria das vezes o indivíduo não desenvolve a infecção e, geralmente, no nosso meio, na Bahia e Brasil, acomete as crianças. Nesta fase a infecção acomete sobretudo os gânglios hílares e mediastinais, enquanto que na tuberculose de reinfecção a lesão atinge principalmente os pulmões”, explica, reforçando, porém, que as duas formas podem acontecer indistintamente em qualquer idade.
REINCIDÊNCIA – De acordo com o radiologista, houve uma recorrência do problema da tuberculose no mundo inteiro em função da Aids, que promove estado de imunodeficiência e, consequentemente, predispõe o indivíduo a desenvolver a doença. Outro fator grave é a chamada tuberculose multirresistente, quando o indivíduo tem contato prévio com fármacos, decorrente da interrupção precoce do tratamento ou da aplicação terapêutica inadequada, predispondo a resistência do bacilo aos medicamentos que compõem a terapia específica.
Para César, os caminhos para reduzir a doença são, em primeiro lugar, melhorar as condições de vida da população (habitação, condições sanitárias). Em seguida, utilizar as medidas de proteção individual, como a vacinação com o BCG e a prevenção com medicamentos denominada de quimioprofilaxia, bem como o acesso fácil a centros de atenção primária à saúde para que a população possa ter atendimento adequado quando se sinta doente. Outro aspecto importante são as ações educativas que orientem a população como evitar o contágio com o bacilo.
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