Ao
receber o diagnóstico de câncer de próstata, a maioria dos homens ainda
se apavora, pois muitos acreditam equivocadamente que a vida está por
um fio a partir do momento em que a doença é confirmada. Contudo, quando
o médico explica que as chances de cura são grandes, sobretudo quando o
tumor se encontra em estágio inicial, os pacientes costumam
tranquilizar-se. A partir daí, é hora de conhecer os tratamentos
disponíveis e, sob orientação médica, optar por um deles. Foi exatamente
isso o que aconteceu com o administrador baiano Moisés Catarino dos
Santos Filho (50) que, ao se informar sobre os benefícios da cirurgia
robótica, acabou optando por essa modalidade de tratamento menos
invasivo.
“Meu
médico, o uro-oncologista Nilo Jorge Leão, me disse que eu poderia
passar por uma cirurgia aberta convencional (a única coberta pelo meu
plano de saúde) ou por uma cirurgia videolaparoscópica ou, ainda, pela
cirurgia robótica. Ele também me deu a opção da vigilância ativa. Como a
plataforma robótica ainda não está disponível em Salvador, se eu
optasse por este tratamento, só poderia me operar em São Paulo. Mesmo
assim, não tive dúvida: fiz um sacrifício financeiro e optei pela
cirurgia robótica. Não me arrependo, pois minha recuperação foi bem
rápida”, contou Moisés Catarino.
O
paciente recebeu o diagnóstico em agosto deste ano e em outubro foi
submetido à cirurgia. “A recuperação foi muito tranquila. Tirei o dreno
lá em São Paulo mesmo. Fiquei com a sonda apenas 10 dias e após duas
semanas já estava liberado para retornar ao trabalho. Fiz exame de PSA
após a cirurgia e o resultado foi melhor do que o esperado. A cada seis
meses, preciso repetir o exame, mas estou feliz porque até aqui deu tudo
certo e com fé em Deus vou continuar bem”, declarou. Moisés Catarino
não tem histórico familiar de câncer de próstata, mas o fato de ser
negro aumenta sua predisposição para a doença, conforme estudos
científicos confirmados.
Robô na Bahia
- Segundo o uro-oncologista Nilo Jorge Leão, especialista em cirurgias
laparoscópica e robótica, existe uma expectativa de que a plataforma
robótica para tratamento de câncer de próstata chegue à Bahia em 2019.
No Brasil, esta tecnologia tem sido utilizada no eixo Rio, São Paulo,
Minas e Rio Grande do Sul. No Nordeste, cirurgias robóticas já são
realizadas em Fortaleza e Recife. A técnica cirúrgica diminui o risco de sequelas como a incontinência urinária e a perda da ereção.
"Outro diferencial é o tempo de recuperação do paciente, que costuma
ser menor. Como o procedimento é menos invasivo, o paciente sangra
menos, o que diminui o risco da necessidade de transfusão de sangue",
explica o médico.
Na
cirurgia robótica, o médico opera através de um console, uma espécie de
joystick, com uma série de recursos que vão da visualização em três
dimensões e ampliação da imagem do campo cirúrgico em alta definição,
que permite a visualização de microestruturas, até recursos como a
filtragem de tremores das mãos, fundamental para procedimentos de longa
duração, mais cansativos. Qualquer paciente com câncer de próstata que
tenha a indicação cirúrgica pode realizar o procedimento por robótica.
SUS
- O médico Nilo Jorge, que segue acompanhando seus pacientes em
Salvador após operá-los em São Paulo, conta que para os pacientes do
Sistema Único de Saúde (SUS), devido à carência de recursos, não há
previsão para acesso à cirurgia robótica em curto prazo. “Contudo, a
vídeo-cirurgia, também conhecida como videolaparoscopia, já está
disponível pelo SUS em hospitais de Salvador, e não deixa a desejar
quando consideramos os resultados”, completa o médico, que atua como
coordenador do Núcleo de Uro-oncologia das Obras Sociais Irmã Dulce, é
sócio da Uroclínica da Bahia e preceptor do Núcleo de Urologia do Hospital São Rafael.
A cirurgia
de câncer de próstata realizada por videolaparoscopia é realizada sob
anestesia geral e dura menos tempo do que a cirurgia aberta. Pacientes
submetidos à técnica, geralmente, recebem alta após uma ou no máximo
duas noites (no procedimento convencional, a média é de três dias de
internamento). A sonda vesical colocada no paciente através da uretra
para saída da urina é dispensada com mais rapidez, em cerca de uma
semana. “Além do menor período de hospitalização e do retorno mais
rápido dos pacientes às suas atividades rotineiras, outras grandes
vantagens da vídeo-cirurgia são o menor índice de infecção e a redução
da dor pós-operatória e do sangramento”, frisa Nilo Jorge.
Vigilância ativa
- Uma alternativa ao procedimento cirúrgico imediato, a vigilância
ativa é uma opção apenas para casos de muito baixo risco de progressão
da doença. Adotada inicialmente na Europa e em países como o Canadá e os
Estamos Unidos, ela tem sido bastante utilizada em centros de
referência no Brasil. Nesses casos, o paciente é inserido em um
protocolo restrito que inclui revisões a cada três meses (toque retal e
dosagem de PSA), além da realização de ressonâncias magnéticas da
próstatas e biópsias periódicas. A principal vantagem do método é a
ausência de morbidade no tratamento. Porém, se o tumor avança, o
paciente é retirado do protocolo e recebe o encaminhamento adequado
para cirurgia ou radioterapia. “Cerca de 50% dos pacientes que iniciam a
vigilância ativa deixam de realizar este seguimento e optam por se
tratar devido à questões emocionais, por não conseguirem conviver com a
ideia de que possuem câncer e não realizaram um tratamento padrão”,
explica Nilo Jorge.
Câncer de próstata
- Os fatores de risco para o câncer de próstata incluem o avanço da
idade; o histórico familiar em primeiro grau (pai, irmãos ou filhos), a
cor de pele/etnia (mais prevalente em negros), os padrões dietéticos, o
sedentarismo e a obesidade. A recomendação atual da Sociedade
Brasileira de Urologia (SBU) é que todos os homens procurem o urologista
pra exame físico e de PSA anualmente a partir dos 50 anos ou 45 anos se
forem negros ou com histórico familiar da doença.
0 comentários :
Postar um comentário