“Coisa Mais Linda”, a nova série da Netflix, é realmente uma coisa
linda. Contando a história da paulista Maria Luiza, interpretada por
Maria Casadevall, o roteiro é marcado pela demonstração de enfrentamento
ao machismo no ano de 1959.
Após ser abandonada e roubada pelo marido Pedro, Maria Luiza decide
seguir o sonho de abrir o próprio restaurante no Rio de Janeiro com
música ao vivo, e música brasileira de primeira qualidade: o samba, é
claro, e a Bossa Nova, que dava seus primeiros passos.
A protagonista cresceu num ambiente conservador onde aprendeu com a
mãe que “marido feliz significa vida feliz”. Ela precisa começar a
desconstruir isso na própria mente, e é nesse ponto que entra a luta
feminista. Maria Luiza se mostra forte ao enfrentar o próprio pai.
Ela contracena com Adélia, interpretada por Patrícia Dejesus, que ao
contrário de Maria Luiza, nunca levou uma vida de glamour, mora na
periferia. Considero ainda mais um exemplo de mulher forte e determinada
que faz o que quer para ser feliz.
A estética impecável mostra um Brasil verdadeiro, as cores das áreas
nobres e das favelas. Mostra a alegria das rodas de samba feitas na
periferia e gente de verdade. São personagens e figurantes completamente
reais, sem frescuras ou muita exibição.
A montagem de som traz calmaria e dá aquela vontade de ir para a
praia tomar uma água de coco. Além de músicas conhecidas, a série tem
também trilha sonora própria, que dá muito orgulho da produção
brasileira.
Mas, como nem tudo é perfeito, a abertura decepciona. Sem desmerecer
Amy Winehouse cantando em inglês uma versão de “Garota de Ipanema”, isso
acaba deixando com um ar menos brasileiro. É claro que o ritmo é de
Bossa Nova, mas seria muito mais legal escutar a abertura na língua
portuguesa.
A série, dirigida por Caito Ortiz, é uma ótima produção brasileira
para se discutir as relações conservadoras no século passado e para
curtir um pouquinho do que era o Rio de Janeiro nessa época. “Coisa Mais
Linda” está disponível na plataforma da Netflix.
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