Um dos mais tradicionais espaços de comércio e cultura de Salvador,
o Mercado de São Miguel, na Baixa dos Sapateiros, começa a passar por
profunda transformação promovida pela Prefeitura. A ordem de serviço
para início imediato das obras de reconstrução
foi assinada no local nesta terça-feira (12) pelo prefeito ACM Neto, na
presença dos permissionários, moradores e lideranças da região. Também
participaram da cerimônia o vice-prefeito e secretário de Infraestrutura
e Obras Públicas (Seinfra), Bruno Reis;
e a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield,
dentre outras autoridades.
Vítima de um incêndio em setembro de 2017, o espaço está com a
estrutura deteriorada e sem condições de funcionamento. As obras terão
duração de 12 meses, sob a responsabilidade da Superintendência de
Conservação e Obras Públicas (Sucop), vinculada à Seinfra.
Com investimento total de R$5,1 milhões, dentro do programa Salvador
360, eixo Centro Histórico, a ação resgata um sonho antigo não apenas da
Baixa dos Sapateiros, mas também de toda a cidade, como afirmou o
prefeito.
“Este é um mercado que, ao longo do tempo, passou por um processo
de degradação e de abandono. Um mercado que, no passado, já teve muita
tradição, que tinha a expressão da força do comércio da Baixa dos
Sapateiros e o que essa região representou para a
capital baiana no passado”, declarou ACM Neto.
Ele lembrou ainda que a demora para a reforma ocorreu porque, há
seis anos, o governo da Bahia havia solicitado a transferência de alguns
equipamentos para a esfera estadual, incluindo o Mercado São Miguel. No
entanto, ao perceber que a estrutura não seria
reformada, foi enviado um comunicado oficial informando que a
Prefeitura assumiria de volta o mercado, cumprindo assim o compromisso
inicial firmado com a comunidade.
Estrutura – Na cerimônia, foi feita uma apresentação em
vídeo na qual a população pode conferir, em linhas gerais, como ficará o
Mercado São Miguel após as obras. Concebido para manter a diversidade
de atividades do equipamento, o projeto, elaborado
pela Fundação Mário Leal Ferreira, conserva a tradição do centro de
compras sem abrir mão de necessidades arquitetônicas atuais, como
elementos de acessibilidade e paisagismo.
O novo Mercado São Miguel abrigará, numa área de 4.460 m² - sendo
1.671 m² de espaço construído -, 28 boxes para comercialização de
produtos hortifrutigranjeiros, 31 para itens diversos, nove espaços para
oferta de serviços, seis bares/restaurantes, sanitários
masculino, feminino e para pessoas com deficiência, elementos de
acessibilidade, ambiente para roda de capoeira e estacionamento com
vagas para até 30 veículos, além de um santuário dedicado ao culto do
santo que empresta o nome ao equipamento.
O projeto contempla a reforma total do mercado, especialmente da
ala esquerda da estrutura, completamente destruída no incêndio,
inclusive o telhado. A parte frontal da estrutura contará com um recuo
para a criação de uma área verde, que será ladeada pelo
setor de serviços do equipamento, abrigando vendedores, chaveiros e
outros prestadores tradicionais do espaço.
A estrutura tradicional será preservada, bem como a ideia de manter
o uso diversificado do equipamento. O mercado seguirá concentrando o
comércio de ingredientes para as comidas tradicionais da Bahia, como
camarão e azeite de dendê, além de utensílios
e ervas indispensáveis à liturgia do candomblé. A Secretaria Municipal
de Ordem Pública (Semop) ficará responsável pelo levantamento dos atuais
comerciantes e identificação de novos permissionários que possam ter o
perfil do mercado.
História e expectativa – Inaugurado em 1965, o Mercado São
Miguel teve seu auge durante as décadas de 1970 e 1980, sendo um dos
principais pontos de comercialização de artesanato regional, produtos
religiosos e ingredientes para comidas típicas
afro-baianas. Atualmente, o mercado, bem como toda a região do Centro
Antigo de Salvador, encontra-se tombado pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como Patrimônio da
Humanidade.
O comerciante Antônio de Jesus, de 75 anos e há 48 deles atuando no
Mercado São Miguel, era só felicidade com o anúncio da reforma. “Já
esperava há muito tempo essa ação e, graças a Deus, chegou agora. Aqui
já teve muitos boxes, carregava mercadorias da
Ceasa para cá, tinha muita gente, mas o movimento caiu com o tempo. A
expectativa é de que tudo seja bem melhor pra gente. Vai ser beleza,
mesmo”, finalizou, sorridente.
Próximas intervenções – Na solenidade de hoje, o
vice-prefeito e secretário da Seinfra, Bruno Reis, relembrou os demais
investimentos promovidos ou a serem iniciados pela administração tanto
na área de mercados municipais, quanto na revitalização
do Centro Histórico. Em sete anos, e contando com as obras dos próximos
mercados de Jardim Cruzeiro (a ser entregue no próximo dia 10 de
abril), São Cristóvão e Mercado Modelo (ambas intervenções a serem
iniciadas), o investimento em mercados municipais chegará
a R$30 milhões.
Além disso, no Centro Histórico, dois terminais também serão
requalificados: o da Barroquinha, com projeto a ser finalizado ainda
neste mês de março, e o do Aquidabã, com elaboração do projeto a ser
concluído em maio. Já está em obras a requalificação
da Rua Cônego Pereira, que liga o Largo Dois Leões ao Aquidabã, com
investimento de R$16 milhões. “Isso significa que, no próximo ano, vamos
ter essa região da cidade amplamente requalificada e que compõe esse
amplo conjunto de investimentos da Prefeitura
no Centro Histórico”, elencou Reis.
“Com esse conjunto de obras, a perspectiva será outra. Comerciantes
que passaram anos e anos sofrendo por atenção do poder público terão os
pontos comerciais valorizados e retomada do fluxo de pessoas a esta
parte da cidade. Além de um centro de comercialização,
o Mercado São Miguel também será um ponto turístico, algo atrativo
para quem passa por aqui ou realiza atividades na Baixa dos Sapateiros”,
salientou ACM Neto.
Demais investimentos – Desde 2013, a Prefeitura tem
promovido uma série de investimentos, que devem totalizar algo em torno
de R$300 milhões, para recuperar a infraestrutura e valorizar a
importância do Centro Histórico da cidade.
Integram a lista de ações a recuperação das transversais da Avenida
Sete de Setembro e das praças Dois de Julho (Campo Grande), Piedade, da
Inglaterra e da Sé; a reativação dos planos inclinados Pilar e
Gonçalves; a implantação do Hub Salvador, no Comércio;
a requalificação do Camelódromo da Baixa dos Sapateiros; a implantação
da Casa do Carnaval e a recuperação dos mercados Dois de Julho e das
Flores, além do Espaço Cultural da Barroquinha, Teatro Gregório de
Mattos e acesso a estes equipamentos.
Estão em andamento as requalificações da Avenida Sete e Praça
Castro Alves, da Rua Miguel Calmon, do Terreiro de Jesus e da Praça
Cairu. As próximas intervenções envolverão a implantação do Pólo
Criativo de Salvador e dos museus da Música Brasileira e
da História de Salvador; a recuperação do Elevador do Taboão, do
frontispício da Sé e dos arcos da Ladeira da Montanha; da requalificação
da Praça Deodoro; e a nova sede da Fundação Gregório de Mattos.
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