Foi
em 1672 que a Catedral Basílica Primacial São Salvador foi inaugurada,
quarta igreja construída no Centro Histórico, antigo colégio dos
jesuítas. Mas foi ali também que a turista Ana Carolina Machado, de 21
anos, descansou as pernas após caminhar pela
região com a família, vindos do interior de São Paulo às vésperas dos
470 anos da primeira capital do Brasil.
Ela não sabia, mas repousava em um Patrimônio Cultural da
Humanidade, título que o Centro Histórico conquistou em 1985, conferido
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco). "Achei tudo muito bonito aqui. Ainda vamos
visitar as igrejas", comentou a turista, antes de exibir a pintura
corporal característica utilizada pela banda Timbalada.
O padre Lázaro Muniz conhece bem essa reação positiva dos turistas
em relação ao Centro Histórico de Salvador. Agora na Paróquia de Santa
Cruz, no Engenho Velho da Federação, ele foi pároco da Igreja Nossa
Senhora do Rosário dos Pretos durante sete anos,
até fevereiro último, quando se despediu em grande estilo, reunindo
multidão.
"A procura dos turistas às igrejas é significante. Isso revela um
olhar especial ao artístico, ao belo. O Centro Histórico não é um lugar
só de festa, de batuque, embora isso seja maravilhoso, mas também é um
grande coletivo que precisa ser preservado,
e os turistas têm nos ajudado a valorizar cada vez mais essa região",
afirmou o líder religioso.
Delimitações - Também conhecido como Pelourinho, o Centro
Histórico tem delimitações. É o que explica o historiador Francisco
Senna. Segundo o especialista, chama-se assim apenas a região do Largo
do Pelourinho."Oficialmente, é isso. Salvador era
uma cidade murada. A porta norte ficava no Largo do Pelourinho,
enquanto a sul ficava ali onde é a Praça Castro Alves. Esse largo foi o
último local onde colocaram o Pelourinho (coluna de pedra)", explicou.
Ainda quando o Brasil era colônia portuguesa, essa coluna era
utilizada para amarrar criminosos de alta periculosidade, como uma forma
de escárnio para o resto da população. Também eram postos avisos do
poder público direcionados para o povo.
Investimentos - O Centro Histórico possui vários templos
religiosos, como a Catedral Basílica, Rosário dos Pretos, Igreja
D'Ajuda, ou Igreja Santo Antônio Além do Carmo. O que garante a presença
do turismo religioso. Mas, além das igrejas, a região
possui alguns museus, como a Casa do Carnaval, a Casa do Benin, o
Teatro Gregório de Mattos e o Espaço Cultural da Barroquinha, mantidos
pela Prefeitura.
A Casa do Carnaval, inaugurada em fevereiro de 2018, celebra e
relembra a história da maior festa de rua do planeta, usando e abusando
da interatividade e da tecnologia. A Prefeitura investiu cerca de R$ 6
milhões para a implantação do museu, que disponibiliza
diversos recursos multimídia para que o visitante caia na folia.
"O Pelourinho é o berço desta cidade, que é a primeira capital do
Brasil. É um cartão de visitas para os turistas. O nosso objetivo é que a
região volte a ser motivo de orgulho para os baianos, mas também fique
no imaginário dos visitantes como um local
único no mundo", afirmou o secretário municipal de Cultura e Turismo
(Secult), Cláudio Tinoco, lembrando que o Executivo municipal realiza a
requalificação do Terreiro de Jesus, o "coração" desse Patrimônio
Cultural da Humanidade.
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