A diferença entre a alergia
às proteínas do leite de vaca (APLV) e a intolerância à lactose começa
na epidemiologia. Enquanto a primeira tem baixa prevalência
e acomete preferencialmente os lactentes, a segunda é mais frequente e
envolve, em sua maioria, adolescentes e adultos.
Já os sintomas se restringem
ao trato gastrointestinal na intolerância à lactose, porém, na alergia,
as manifestações cínicas podem aparecer em outros órgãos
como pulmão e pele.
"Sobre a APLV, vale lembrar
que o início dos sintomas, nos bebês, costuma coincidir com o início da
ingesta de leite de vaca, embora mesmo quando em aleitamento
materno exclusivo, o lactente possa ser sensibilizado devido ao consumo
de leite pela mãe",
explica a Dra.
Virgínia Figueiredo, gastroenterologista da Diagnoson a+.
Na prática, o diagnóstico de
APLV (alergia ao leite de vaca) baseia-se na suspeita clínica, na
exclusão do leite da dieta com melhora dos sintomas e em nova exposição
para desencadeamento – ou no teste de provocação oral, que deve ser
feito por médico treinado, em ambiente hospitalar e com condições que
possibilitem socorro imediato, pelo risco de reação alérgica grave.
O teste cutâneo (prick
teste) e a dosagem de IgE específica podem ser úteis, pois, quando
positivos, indicam a ocorrência de um processo imunológico, contudo,
resultados negativos não afastam tal hipótese, razão pela qual esses
casos requerem uma interpretação conjunta com história e quadro clínico.
Para o diagnóstico de
intolerância à lactose, recomenda-se a prova oral de absorção de
lactose, que mede indiretamente a capacidade de digestão desse
dissacarídeo
dosando a glicemia antes e depois da ingestão da lactose, ou o teste
genético que vai demonstrar se o indivíduo tem característica genética
que determine a perda progressiva da enzima que digere a lactose. Mesmo
com o genótipo associado com a predisposição
à intolerância à lactose, crianças apresentam expressão normal da
enzima nos primeiros anos de vida, com subsequente redução ao longo do
tempo, por esse motivo o teste genético está mais indicado para adultos.
A exclusão do leite não deve
ser feita apenas com base no relato de sintomas, para evitar uma
diminuição desnecessária do aporte de cálcio e suas consequências.
Caso seja identificada a intolerância, existem inúmeras marcas comerciais de leite e produtos
derivados, com baixo teor de lactose, que são tolerados pela
maioria dos pacientes. Há ainda disponível a enzima (lactase) que pode
ser ingerida concomitantemente ao alimento que contem lactose
minimizando assim os sintomas. Procure um médico para ser
orientado sobre as possibilidades terapêuticas e procure um
nutricionista para lhe auxiliar a equilibrar sua alimentação, evitando
deficiências nutricionais, principalmente relacionadas ao aporte de
cálcio.
Para o alérgico todo cuidado é pouco na hora das compras
O alérgico sabe o quanto é
trabalhoso fazer compras e garantir que os produtos não desencadeiem uma
reação. Por isso, é importante ler os rótulos e saber identificar
nomes que possam corresponder ao alimento desencadeante das
manifestações clínicas.
Para facilitar as compras,
uma norma foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) e está em vigor desde julho de 2016. A norma determina
que os rótulos de alimentos e bebidas embalados na ausência do
consumidor devem destacar quando houver possíveis alimentos alérgenos ou
mesmo o risco de contaminação por estes, de forma acessível à população
com as seguintes frases:
·
“ALÉRGICOS: CONTÉM (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares) E DERIVADOS”.
·
“ALÉRGICOS: PODE CONTER (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares)”.
Nas preparações feitas em
lanchonetes, padarias e restaurantes, assim como alimentos
comercializados sem embalagem, não há obrigatoriedade dessas
informações.
Portanto, atenção para as preparações que contenham: manteiga,
margarina, creme de leite, queijo. Apesar de não parecer, alguns
alimentos podem conter proteína de leite, entre eles o caldo de carne
industrializado e as salsichas. Por isso, é muito importante
saber o que está comendo.
Dicas para quem é alérgico:
- O alérgeno pode estar oculto. Por isso, cuidado ao consumir refeições fora de casa e industrializadas.
- Também pode ocorrer
contaminação alergênica cruzada durante o cultivo, processamento,
beneficiamento, transporte ou manejo do alimento.
- Em caso de dúvida, entre
em contato com o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) das indústrias
alimentícias para esclarecer sobre a composição dos produtos.
- Experimente receitas fornecidas pelo nutricionista para variar o cardápio.
- Se fortaleça com
informações vindas de seu médico e de seu nutricionista para entender o
que acontece com seu corpo, fazer boas escolhas e ter qualidade de
vida.
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