Paulo Afonso Luz*
Popularmente conhecidos como
“queda de barreiras”, os escorregamentos de encostas naturais ou
de taludes construídos pelo homem (nas obras de aterros e de
escavações para estradas, loteamentos, barragens, etc) são um problema
muito sério, tanto nas cidades quanto nas rodovias, principalmente
quando estão localizadas em regiões serranas, pois podem
causar vítimas fatais, o que é irreversível – como reparar a perda de
muitas vidas humanas?
Além
disso, podem acarretar danos materiais elevados, tais como: destruição
de casas, edifícios, carros, ruas, etc. Também podem provocar desastres
ambientais
muito graves, como a poluição em rios, córregos e aquíferos, por causa
do solo que vem escorregado das encostas ser transportado para esses
locais.
Geralmente,
esses escorregamentos de encostas ocorrem na época de chuvas de verão,
principalmente no final do período chuvoso, entre o final do mês de
janeiro até o final de março. Isto tem uma explicação: nessa época o
solo natural da encosta já está saturado (encharcado) e às vezes uma
pequena quantidade de chuva é suficiente para disparar (deflagrar) o
fenômeno do escorregamento em si, pois a água em
excesso diminui a resistência do solo.
Este
processo é o que tem acontecido nas encostas da cidade do Rio de
Janeiro e em outras cidades em regiões de serras, como Petrópolis,
Teresópolis, além
de ocorrer em estradas como Rodovia dos Tamoios, Rio-Santos,
Mogi-Bertioga, Via Anchieta, etc.
Em
termos de Engenharia Civil (área de Geotecnia), é possível estudar
esses locais e minimizar os riscos de ocorrer um escorregamento. Para
tanto, essas
encostas devem ser inspecionadas visualmente por engenheiros
geotécnicos e geólogos, à procura de sinais que possam indicar a
ocorrência futura (ou quase imediata) desses escorregamentos, tais como a
existência de trincas, afundamentos do terreno, locais com
manchas de umidade, etc.
Outra
providência, também importante e fundamental, é a instalação de
instrumentos (aparelhos) que permitem um acompanhamento (monitoramento)
mais eficiente
dessas encostas ao longo do tempo. Os principais instrumentos são
medidores de: deslocamentos horizontais e verticais (marcos topográficos
superficiais), pressão da água dentro da encosta (piezômetros) e
posição do lençol freático (nível da água no interior
da encosta).
Também
é importante observar que a ocupação urbana desordenada, principalmente
nas áreas de encostas, acaba contribuindo para a ocorrência desses
escorregamentos.
Daí a importância de o Poder Público atuar no sentido de minimizar e
prevenir os riscos trazidos por essas ocupações.
*Paulo Afonso Luz é professor de Engenharia da Universidade Presbiteriana
Mackenzie e especialista em Geotecnia. Está disponível para entrevistas. Caso necessite de foto, por favor, entre em contato.
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