Na manhã de sábado (04), indígenas da Aldeia Patiburi, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Belmonte, no Extremo Sul da Bahia, foram surpreendidos com um drone sobrevoando a aldeia e a residência da Cacica Cátia, situação que despertou preocupação, diante do histórico de violações de direitos, perseguições, desrespeito e ameaças sofridas pela comunidade.
A Cacica Cátia tem uma aguerrida luta pela preservação de seu povo e das terras pertencentes da Aldeia Patiburi, por isso sofre inúmeras ameaças de morte e foi inserida no Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), executado na Bahia pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS). “ Diante do cenário de insegurança e confronto vividos pelo povo Tupinambá de Belmonte, um drone sobrevoando a aldeia causa estranheza e preocupação. Essa é uma comunidade que vive sob constantes ameaças e medo”, comentou o secretário Carlos Martins, titular da SJDHDS.
Para o secretário, o episódio desperta atenção para a situação de vulnerabilidade da aldeia e dos indígenas. “A localidade é palco de incansáveis ataques, partindo de fazendeiros da região, que a qualquer preço querem tomar o território. Em virtude do conflito, a comunidade já sofreu um bloqueio econômico que resultou na perda da sua produção de cacau, acarretando numa crise de subsistência séria. Agora, o drone levanta suspeita de uma nova investida contra a produção econômica da comunidade, já que estamos na época da produção e colheita do cacau”, destacou Martins.
A Cacica Cátia conta que a presença do drone causou “muito medo. A comunidade está muito vulnerável e, nesse momento e com a situação do isolamento e da pandemia, essa vulnerabilidade só aumentou. Então, é uma situação absolutamente preocupante, pois estamos lidando com pessoas muito perigosas”, disse ela, ao tempo em que agradeceu o apoio da SJDHDS: “graças a essa articulação da SJDHDS e do apoio do secretário Carlos Martins é que eu estou viva. Ele está atendo as diversas situações e dificuldades enfrentadas pela população indígena da Bahia”, disse ela.
Segundo a Cacica, as imagens estavam sendo capturadas por dois homens. “A Polícia Militar foi acionada e conduziu um deles para prestar depoimento. Agora o inquérito segue para a delegacia de Belmonte”, contou.
“A polícia foi extremamente ágil, desempenhando o seu papel com bastante eficácia e eficiência. O episódio será investigado pelas autoridades competentes e a SJDHDS vai acompanhar o caso”, concluiu Carlos Martins.
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