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terça-feira, 30 de agosto de 2022

Entenda porque é importante vacinar crianças e adolescentes



Especialista desmitifica principais argumentos contra a vacinação e explica relação com Covid-19


O estudo COVID-NET do CDC (Centers For Disease Control and Prevention) revelou que pessoas não vacinadas tiveram 17 vezes mais chances de serem hospitalizadas por complicações do Coronavírus do que aquelas completamente vacinadas. “Outras informações bem importantes foram publicadas no relatório semanal de morbidade e mortalidade (MMWR) do CDC publicado em 3 de setembro de 2021, revelando que, entre crianças e adolescentes dos EUA até 17 anos, os casos de COVID-19 e as visitas a emergência e internações hospitalares aumentaram durante junho a agosto do mesmo ano (principalmente nos estados com cobertura vacinal mais baixa)”, comenta o pneumologista Gleison Guimarães.


O cenário mostra bem a importância da vacina em crianças e adolescentes, não apenas para a Covid-19, mas para ajudar a frear doenças dos mais diversos tipos. Ele explica que, por mais que vacinar ou não seja uma escolha individual, ela tem grande impacto na liberdade coletiva. Não vacinar, por exemplo, pode trazer consequências sérias, como o retorno de doenças até então sob controle, como sarampo e poliomielite, além da exposição da criança ou adolescente a riscos.


Sobre medos relacionados a reações pós-vacinas, o doutor Gleison conta que a maioria dos efeitos colaterais ocorrem de maneira leve e transitória. “Os eventos adversos mais comuns após a vacinação são dor no local da aplicação, fadiga, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, dor nas articulações e febre. E outras mais raras, como a miocardite, que tendem a assustar mais…”, conta, mas ressalta que os riscos de não proteger das infecções virais são maiores, uma vez que elas causam justamente essa patologia no coração, uma inflamação do músculo cardíaco (miocárdio) que pode resultar em hospitalização, insuficiência cardíaca e morte.


Miocardite em infecções virais


Um levantamento realizado pelo CDC americano, a partir de um banco de dados com mais de  900 hospitais, houve um incremento nas internações por miocardite 42,3% maior em 2020 do que em 2019 — atribuído ao SARS-Cov-2. Durante o período de março de 2020 a janeiro de 2021, período que coincidiu com a pandemia de COVID-19, o risco de miocardite foi de 0,15% entre os pacientes com COVID-19 durante internação ou cuidado ambulatorial e 0,01% entre os pacientes que não foram diagnosticados com COVID-19. Em 31 de agosto de 2021, um relatório semanal de morbidade e mortalidade do CDC (MMWR) revelou que pacientes com a COVID tiveram 16 vezes mais risco de miocardite comparado com aqueles que não tiveram a COVID. Adultos com mais de 75 anos e crianças tinham risco maior de miocardite.


“Uma observação importante é que diagnosticar e notificar miocardite durante a COVID é muito menos comum do que quando isso acontece como reação vacinal. O sistema de vigilância de vacinas é mais robusto e mais fiel do que o sistema de vigilância clínica na doença. Isso é fato e, mesmo assim, é muito mais descrito na doença do que como reação vacinal em todos os países em que a vacinação de adolescentes já está acontecendo há muito tempo”, adverte.


Outro ponto importante é que, entre menores de 16 anos com a COVID-19, alguns diagnósticos de miocardite podem representar casos de síndrome inflamatória multissistêmica (SIM), o que tem sido a preocupação nessa faixa etária, com acometimento de pelo menos dois órgãos e forte presença de marcadores inflamatórios nos exames, que seria a forma grave da COVID nas crianças. No fim das contas, os casos de miocardite pós-vacina são bastante raros, além de menos graves do que os causados pela doença. “Ainda assim, existem dúvidas sobre vacinar ou não os adolescentes. Um dos argumentos é que não existem estudos atestando a segurança da vacinação para esse público, o que é falso”, contesta o médico.


O primeiro artigo publicado em 15 de julho de 2021 na The New England Journal of Medicine apresentou os resultados de testes clínicos realizados pela Pfizer com 2260 adolescentes de 12 a 15 anos de idade, dos quais 1131 receberam a vacina e 1129 receberam uma injeção de placebo. “Não houve eventos adversos graves gerais, nem relacionados à vacinação, cuja eficácia apurada foi de 100%. A vacina não seria licenciada sem estudo”, detalha o médico especialista. “Essa foi apenas a porta de entrada para muitos testes realizados com a faixa etária”, completa Dr. Gleison.


Saiba três motivos para vacinar crianças e adolescentes


Por mais que a gente saiba que as crianças com COVID-19 evoluam muito melhor e se recuperem, temos algumas que ficam muito doentes e acabam hospitalizadas, visto o aumento dos casos e internações pela doença entre os mais jovens em vários locais nos últimos meses de 2021.


A história desse coronavírus ainda está sendo escrita e não se sabe tudo sobre ele, além das possíveis repercussões futuras à saúde. Um estudo recente revela que a vacinação diminui a chance de COVID longa.


Crianças e adolescentes, por apresentarem doença mais leve e serem mais assintomáticos, podem transmitir mais facilmente. A vacinação, portanto, ajuda a bloquear um pouco essa transmissão comunitária.

Fonte Gleison Marinho Guimarães 


É médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), especialista em Medicina do Sono pela Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) e também em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Possui certificado de atuação em Medicina do Sono pela SBPT/AMB/CFM, Mestre em Clínica Médica/Pneumologia pela UFRJ, membro da American Academy of Sleep Medicine (AASM) e da European Respiratory Society (ERS). É também diretor do Instituto do Sono de Macaé (SONNO) e da Clinicar – Clínicas e Vacinas, membro efetivo do Departamento de Sono da SBPT. Atuou como coordenador de Políticas Públicas sobre Drogas no município de Macaé (2013) e pela Fundação Educacional de Macaé (Funemac), gestora da Cidade Universitária (FeMASS, UFF, UFRJ e UERJ) até 2016. Professor assistente de Pneumologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Campus Macaé. Para mais informações, acesse https://drgleisonguimaraes.com.br/ ou pelo Instagram @dr.gleisonguimaraes e no Twitter @drgleisonpneumo.


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